O pré-natal, geralmente, é feito nas unidades básicas de saúde (UBS) do Município. Mas fatores como pressão alta, diabetes, gravidez anterior com histórico de hipertensão, abortos de repetição, deslocamento prévio da placenta e outros casos demandam acompanhamento sistemático, doses extras de atenção e muita informação, sendo encaminhados para o hospital. “É fundamental e acolhedor para as gestantes e os bebês. Todo cuidado é pouco quando se trata de uma gravidez de alto risco”, aponta a médica ginecologista e obstetra Renata Coelho.
A fundação destinou um espaço exclusivo para o atendimento destes casos, uma sala confortável e aconchegante para as gestantes que, dependendo da patologia, frequentam o setor mais de uma vez na semana e permanecem por um período extenso. A equipe médica presta o atendimento, pede exames e oferece auxílio para as pacientes, além de manter contato constante com as unidades de saúde e participar de reuniões mensais da Rede Cegonha na Secretaria Municipal de Saúde.
Jaqueline Pedroso, 36 anos, foi uma das mulheres atendidas pela equipe do hospital. Moradora do Bairro Santo Inácio e grávida de gêmeos, ela iniciou seu pré-natal na UBS Parque Claret e, a partir da oitava semana da gravidez, com a identificação da gestação de risco, passou a ser atendida também no São Camilo. No dia 11 de fevereiro, com 33 semanas, ela deu a luz a Joaquim, que nasceu com 42 cm e pesando 2,2 kg, e a Gael, com 40 cm e 1,3 kg. Por serem prematuros, os meninos estão agora na UTI Neonatal do hospital, onde permanecerão até poder receber alta, ir para casa e ficar na companhia dos três irmãos.
“Meu pré-natal foi muito tranquilo. A médica cuidou muito bem da minha gestação, sempre pedindo exames e acompanhando o andamento dos meus bebês. Com 29 semanas, comecei a fazer um tratamento para amadurecer os pulmões deles, caso fossem nascer prematuros. Na semana seguinte, por estar com pouco líquido amniótico, fui internada e recebi diariamente os cuidados necessários. Na última ecografia, a equipe médica optou por antecipar a cesariana”, explicou Jaqueline, acompanhada pelo pai dos pequenos, Leandro Ribeiro.
Os cuidados com situações de gestação de alto risco é um dos fatores para a redução, em Esteio, da taxa de mortalidade infantil, que em 2020 teve o menor índice dos últimos cinco anos. No último ano, ocorreram dois óbitos de crianças com menos de um ano de idade e 971 nascimentos de esteienses no Hospital São Camilo e em outras instituições do Rio Grande do Sul, o que significa 2,06 mortes a cada mil nascimentos. Na comparação com os dados de 2016, quando foram registrados 15 óbitos para 1.085 partos (taxa de 13,82 mortes/mil nascimentos), os números apontam uma queda de 85,09% neste indicador. Quando comparados com 2012, o percentual de queda é um pouco maior: 85,21%.
Em 2019, o índice de Esteio foi de 8,47 mortes/mil nascimentos. Neste mesmo ano, a taxa brasileira da mortalidade infantil foi de 11,9% (ainda não há dados disponíveis de 2020).